quarta-feira, junho 25, 2008

PRÉ - OCUPAÇÕES?
Com o que você se pré-ocupa?
Escrevo assim, intencionalmente, porque acredito que muitos de nossos problemas residem nas nossas pré- ocupações...
Estamos sempre pré-ocupados com as coisas, acordamos preocupados com os nossos horários, com nossos compromissos, com nossos problemas - com os que existem e com os que ainda nem existem, mas que nós fazemos questão de criar - com nossos familiares, com nossos amigos, com o tempo que está ruim, com o trânsito que nos fará chegar atrasado ao compromisso marcado, com a pessoa que ficou de ligar e não ligou, com a pessoa que deveríamos ter falado hoje e não falamos, com os filhos, com os doentes, enfim..., o que vivenciamos no nosso dia-a-dia é um sem número de pré-ocupações que parecem ser frutos aleatórios de nossa mente, mas que na verdade somos nós que criamos e alimentamos isso cotidianamente.
É só abrir os olhos pela manhã - algumas pessoas nem isso precisam - e pronto! As preocupações e o sofrimento por antecipação começa a fluir com intensidade. Se deixar passamos o dia com o aperto no peito, com o coração aos pulos e a cabeça a mil, sofrendo com as coisas que ainda não aconteceram e que talvez nem se aconteçam mesmo. Um exemplo prático - o tempo. Tudo começa com um pequeno pensamento, começamos a ficar preocupados com o possível engarrafamento que o mal tempo poderá provocar. Rapidamente, em apenas alguns segundos, nossa mente começa a trabalhar com essa semente. Você começa a imaginar que o trânsito o fará se atrasar para o compromisso ou para o trabalho, e o seu chefe irá brigar com você e daí seu dia vai começar péssimo, e possivelmente a essa altura você já vislumbra "um dia fúria", que está prestes a ter início... Mas, pare pra refletir um pouco, quais as chances de tudo isso acontecer? Não sabemos ao certo, tudo pode mudar, o mundo muda o tempo todo. E se tudo transcorrer de forma diferente? Você já terá perdido boa parte as primeiras horas do seu dia com uma "preocupação", ou seja, se você terá se "pré- ocupado" com algo que tem 50% de chance de acontecer, mas por lado também tem 50% de não acontecer. Por isso, não se preocupe demais, como declama Pedro Bial... Não se preocupe com o futuro ou se preocupe se quiser, sabendo que a preocupação é tão eficaz quanto tentar resolver uma equação álgebra mascando chiclete...


"A preocupação não põe fim aos problemas de amanhã;
apenas mina a força que temos hoje".

domingo, junho 22, 2008


Mistérios Femininos

Uma coisa especial ocorre com a mulher depois que ama. Reparem, estou dizendo, depois que ama. Não estou me referindo a ela enquanto está no ato do amor. Disto se pode falar também, e a literatura a partir do romantismo e depois o cinema, modernamente, já tentaram de várias formas simular na relação amorosa como a mulher suspira, se contorce, desliza as mãos e entreabre a boca do corpo e da alma.
Mas, quando digo " depois que ama ", refiro-me ao estado de graça que a envolve após o gozo ou gozos, e que perdura horas e horas e às vezes dias. Fica macia que nem gata aos pés do dono. Mais que gata, uma pantera doce e íntima. Sua alma fica lisinha, sem qualquer ruga. A vida não transcorre mais a contrapelo. Desliza. Ela tem vontade de conversar com as flores, com os pássaros, com o vento. Sobretudo, descobre outro ritmo em sua carne. É tempo do adágio, de calma e fruição. Neste período, aliás, o tempo pára. Em estado de graça ela se desinteressa do calendário. O cotidiano já não a oprime. As tarefas da casa, pesadas em outras ocasiões, tornam-se leves, os compromissos mais enjoados podem ser acertados, as tragédias dos jornais já não lhe dizem tanto respeito. O trabalho torna-se leve, pode ser feito quase cantando.
O fato é que a mulher nessa atmosfera sai do trivial, se angeliza e glorificada pervaga pela casa.
O homem, animal desatento, às vezes não se dá conta. Em geral, nunca se dá conta.
Ou dá-se conta nos primeiros minutos após o ato de amor, e depois se deixa levar pela trivialidade, deixando-a solitária em sua felicidade clandestina.
Na verdade, ela sobre paira ao tempo, está adejando em torno do amado, que deveria suspender tudo para sentir desenhar-se em torno de si esse balé de ternura.
Deveria o homem avisar ao escritório: hoje não posso ir, estou assistindo à reverberação do amor naquela que amo. E como isto se assemelha à floração rara de certas plantas, os amados deveriam interromper tudo: seus negócios e almoços e ficarem ali, prostrados, diante da que celebra nela o que ele ajudou a deslanchar.
Há uma coisa grave na mulher que foi ao clímax de si mesma. Que não esteja distraído o parceiro ou parceira. Ela tem mesmo um perfume diverso das demais. É um cio diferente. É quando a mulher descerra em si o que tem de visceralmente fêmea, tranqüila que, mais que possuída, possui algo que atingiu raramente. As outras mulheres percebem isto e a invejam. Os machos farejam e se perturbam. É como se estivessem num patamar seguro a se contemplar.
É quase parecido a quando a mulher vive a maternidade. Mas aqui é ainda diferente, porque na maternidade existe algo concreto se movimentando dentro dela. Contudo, nessa atmosfera que se segue a uma epifânica sessão de amor, é diverso, porque ela está acariciando uma imponderável felicidade. Estou falando de uma coisa que os homens não experimentam assim. O gozo masculino é mais pontual e parece se exaurir pouco depois do próprio ato. Só os escolhidos, os de alma feminina, vez por outra,o sentem prolongar-se dentro de si. Mas em geral, é diferente. É constatável, no entanto, que o homem apaixonado também transmite força, alegria e energia. Ele oscila entre Alexandre o Grande e o artista que chegou ao sucesso!
Também brilha. Mas é diferente. E não é disto que estou falando, senão do gozo feminino que não se esgota no gozo e se derrama em gestos e atenções por horas e dias a fio.
Freud andou várias vezes errando sobre as mulheres e, por exemplo, colocou equivocadamente aquela questão de que a mulher teria inveja do homem por ser este um animal fálico, etc. Convenhamos: inveja têm (e deveriam ter) os homens quando prestam atenção no fenômeno que ocorre com as mulheres, que ao serem amadas atingem o luminoso êxtase de si mesmas, como se tivessem rompido uma escala de medição trivial para lá da barreira dos gemidos e amorosos alaridos. É isso:quando a mulher foi amada e bem amada, ela ingressa nessa atmosfera sagrada, cuja descrição se aproxima daquilo que as santas estáticas descreveram.
Uma aura de mistérios as envolve. E isso, por não ser muito trivial, por não ser nada profano, talvez se assemelhe aos mistérios de que muitos místicos falaram.

Fonte: Affonso Romano de Sant'Anna

segunda-feira, junho 16, 2008


Tudo Por Nada
Paulo Ricardo

Se eu soubesse que ia ser assim
Tudo por nada.
E confesso que eu acreditei em meias verdades
Você nunca me disse - Te amo
Mas também não disse que não
Enquanto eu fazia tantos planos
Que você nunca vai saber, nunca vai saber
Quando você ama alguém que não te quer
Quando há um outro homem, outra mulher
Mesmo assim ainda te amo
Mesmo sabendo que eu
Posso, de repente ser o outro
Não posso te esquecer
Se eu soubesse que ia ser assim
Desde o começo
Não teria te ligado não
Mas bem que eu mereço
Alguém tão diferente, brilhava
E parecia querer aquilo que eu sempre sonhava
E que você não soube ser
Você não pode ser
Quando você ama alguém que não te quer
Quando há um outro homem, outra mulher...



"E se a saudade apertar, procure no céu
A estrela que mais brilhar
Ela será o meu olhar"

quarta-feira, junho 04, 2008


Alguém pergunta: -Olá, tudo bem com você?
Essa pessoa espera obter como resposta algo do tipo: - Tudo bem e você? Ou no máximo, na pior das hipóteses, algo como: - Tudo indo...
E quando você não quer dizer nada disso?
E quando não está tudo bem? O que devemos fazer?
Despejar nossas lamúrias nos ouvidos da pobre criatura que teve a infeliz idéia de fazer essa pergunta? Acho que a melhor opção é retribuir com um singelo sorriso e falar uma mentirinha ingênua... - Tudo, e você?
E quando o papo se prolonga e na nossa cabeça fica martelando uma só idéia fixa, porque eu estou mentindo? Não está tudo bem...
Uma vontade de falar a verdade...
Mas, será que vale a pena sempre falar única e exclusivamente a verdade?
Eu desconfio que alguns seres humanos não estão prontos para ouvir a verdade, só se interessem mesmo, como diria Cazuza, por "mentiras sinceras"!

E você será que mentiras sinceras te interessam?

A cada quatro vezes que as pessoas entram em contato com as outras, em pelo menos uma contam uma mentira. Significa que mentimos em 25% do tempo. A descoberta está no livro "Como identificar a mentira", da psicóloga e professora Mônica Portela.


"Esta é a última vez
Que eu direi estas palavras
Eu lembro da primeira vez
A primeira de muitas mentiras"

Keane - This Is The Last time